Políticos que subestimam o poder das redes sociais.....
Políticos que subestimam a força das redes sociais correm o risco de ser pegos no contrapé.
Embora políticos e marqueteiros brasileiros não tenham se dado conta –
como mostrou a atual campanha de eleições municipais – a interatividade
social tem um novo, enorme e poderoso nicho eleitoral. Com raríssimas
exceções, o imenso potencial das redes sociais online permaneceu
inexplorado pelos candidatos.
Hoje, no Brasil, o Facebook chega a 15 milhões de usuários online, e o Twitter, via telefonia celular, quase isso.
"Acostumados a fazer política de modo tradicional, nossos políticos
estão resistentes às novas tecnologias", afirma Felipe Wasserman, 31
anos, professor do Centro de Inovação e Criatividade da ESPM de São
Paulo.
Para prejuízo próprio e do eleitorado, ficaram submersas as
possibilidades de interação candidato-eleitor, o fator revolucionário da
prática política no século 21. Ele permite um tête-à-tête virtual entre
as partes, individualizando e humanizando uma relação impessoal e
massificada.
"Interajo bastante nas redes, criei meu site para os eleitores debaterem
e palpitarem sobre meu programa de governo, e empreendi algumas
modificações seguindo suas sugestões", explica Soninha Francine (PPS),
candidata à Prefeitura paulistana no primeiro turno.
"Só de responder a quem me procurou, mesmo que não compartilhasse minhas ideias, ganhei muitos votos", constata ela.
Rara exceção, ela identifica como o mais importante para o eleitor o
candidato apresentar-se transparente e acessível. Em seu site, Soninha
seguiu o paradigma firmado por Barak Obama, na eleição presidencial de
2008.
"Os analistas políticos creditaram grande parte de sua vitória à militância na Internet", conta Wasserman.
Mesmo assim, verifica-se que a voz de Ben Self, criador da campanha
digital pioneira, quando esteve em São Paulo em 2009, encontrou ouvidos
moucos. Veio proferir um seminário sobre o assunto, organizado pela
George Washington University, não se furtando a dar dicas de como usar a
Internet e enviar e-mails com essa finalidade.
"A militância online tem que começar bem antes da eleição, para semear o
pré-candidato semear o terreno, enquanto ainda tem algum tempo
disponível para isso", indica Soninha Francine.
Força – A prova da capacidade de mobilização política
pela rede veio mesmo em 2010, com o fenômeno da Primavera Árabe, que
reuniu as massas no Oriente Médio para derrubar três ditaduras.
A inspiração chegou aos brasileiros meses depois, no feriado de 7 de
setembro, quando as irmãs Lucianna e Daniella Kalil reuniram
aproximadamente 10 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios, em
Brasília, para marcharem contra a corrupção.
O motivo da aglomeração foi a absolvição da deputada federal Jacqueline
Roriz (PMN) por seus colegas poucos dias antes, após ter sido flagrada
em vídeo recebendo propina. Mas as manifestações populares com o mesmo
propósito que se alastraram pelo País, ao longo do ano passado e início
deste, não obtiveram o mesmo sucesso.
"A primeira deu certo porque a massa se sentiu atraída por uma causa
objetiva (mostrar repúdio à absolvição da deputada pelo Congresso) e não
genérica, como a corrupção, um conceito abstrato", analisa Wasserman.
Segundo ele, outro motivo de desarticulação é o momento econômico
brasileiro ser bom, com taxa de desemprego em torno de 5,3%, segundo o
IBGE, desmotivando as pessoas a reclamarem.
"Não fossem as redes sociais, a Lei da Ficha Limpa não teria sido
implantada, a partir de 1.3 milhões de assinaturas colhidas em todo o
Brasil", resume Wasserman.
Alertando para a insatisfação pública, a ministra Cármem Lucia proferiu
um discurso voltado exclusivamente aos grupos de relacionamento,
conclamando-os a não desistirem da luta; a militância foi intensa,
acalmou um pouco com o julgamento do mensalão, mas as discussões online
prosseguem.
Os advogados também declararam preocupação com a pressão exercida pelas
redes, temerosos de sua influência nas decisões dos juízes.
"Os políticos brasileiros erram porque continuam ligados apenas à
tecnologia, sem levar em conta o perfil dos usuários. Criam sites de
divulgação sem pesquisar que assuntos seriam do interesse do internauta,
sem saber quem são seus amigos na rede, analisando quem influenciam e
por quem são influenciados", explica o profissional em estratégia de
marketing digital Gabriel Rossi.
Assim disse RONALDO LEMOS >>>A democracia, como tudo mais, já está sendo profundamente transformada pelo turbilhão de novas mídias que se disseminam. Cada vez que uma mídia nova surge, emergem novos hábitos e práticas, alguns incontroláveis e outros imprevisíveis. Foi assim com a imprensa, o rádio e a TV, que mudaram profundamente a forma de fazer política. O mesmo acontece agora. Só que, nos últimos quinze anos, as mudanças nessa mídia, que começa a ganhar terreno cada vez maior socialmente, foram muito profundas. Não dá para achar que a democracia vai escapar das transformações provocadas por ela.
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