quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

ELEIÇÃO DE DEPUTADOS ARAGUARINOS REMINISCÊNCIAS DE UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA

ELEIÇÃO DE DEPUTADOS ARAGUARINOS REMINISCÊNCIAS DE UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA


                               De escândalo em escândalo, a atividade política vai se consolidando como algo execrável, a ser evitado a todo custo pelas pessoas de bem, tamanho os desatinos praticados pelas suas figuras mais proeminentes, justamente no momento em que o país passava por um período virtuoso de crescimento e modernização, e de visibilidade positiva junto à comunidade internacional.

Apesar de a reverberação destes lamentáveis acontecimentos aumentar exponencialmente o repúdio da sociedade à classe política como um todo, a realização de eleições gerais no próximo ano, deve ser vista como oportunidade única de fazer com que as coisas retomem ao seu devido lugar, via de um grande movimento de conscientização que remeta os atores responsáveis pela derrocada, ao ostracismo, do qual nunca deveriam ter saído.

Em termos locais, a preocupação maior deve ser com as eleições legislativas, já que, como é do conhecimento geral, a falta de representação do Município na Câmara Federal e na Assembléia Legislativa do Estado é a causa principal da ausência do estado e da união, na solução dos mais sérios problemas que afligem a população aqui residente.

É hora de se rever conceitos e objetivos, de sacrificar interesses menores se preciso for, e de fazer certo, porque, fazer errado tem sido a especialidade dos lideres políticos locais, sempre com resultados devastadores para os interesses coletivos.

Pela movimentação já em curso, vai aparecer candidatos, e também caricaturas, travestidas de candidatos.

Os primeiros, estruturados e com alguma densidade eleitoral, vão buscar efetivamente o cargo disputado, com reais chances de eleição.

Já os segundos, sem qualquer possibilidade de eleição, praticam a chamada política da terra arrasada, aquela do quanto pior melhor, que tantos prejuízos já causaram aos legítimos interesses do Município.

O objetivo destes está voltado tão somente a marcar presença e a impedir que outros, mais credenciados, assumam projeção política no Município, com a ocupação de cargos de relevância, não importando se a aventura que se propõem possa ocasionar, mais uma vez, a derrota dos anseios de toda coletividade.

Ignorando que fazem parte do mesmo conjunto, procuram sufocar o talento e a vocação dos emergentes que apresentam algum destaque, fazendo um processo seletivo invertido, no qual sobrevivem apenas os medíocres e egoístas, já que estes não se importam em sacrificar os interesses coletivos, em prol dos seus próprios, na maioria das vezes, espúrios e inconfessáveis.

A conseqüência de tudo isto é extremamente danosa para o Município.

Enquanto a demanda de outros municípios, dotados de representação a nível estadual e federal, são amplamente facilitadas, as reivindicações locais emperram, pela falta de representatividade e de estrutura para o acompanhamento dos processos.

É evidente que esta situação sobrecarrega e dificulta o desempenho da autoridade administrativa, que é obrigado a se desdobrar para cobrir a lacuna resultante da inabilidade e intransigência daqueles que, por estar na vida pública, deveriam ter como compromisso, a defesa dos interesses maiores da população.

À persistir a atual situação, Araguari certamente vai continuar a perder sua importância regional  para cidades emergentes, que embora menores, contam com homens públicos de atuação política consolidada, dotados de influencia suficiente para carrear para seus municípios verbas dos governos federal e estadual, indispensáveis para que continuem a crescer e se desenvolver em ritmos mais expressivos, reconhecidamente superiores aos experimentados aqui, nos últimos anos.

Felizmente o processo histórico é de evolução contínua, de forma que as oportunidades para se rever situações não condizentes com os pleitos da coletividade, se repetem sistematicamente.

Sempre é tempo para se corrigir distorções de rumos. Basta que prevaleça o bom senso e o espírito público daqueles que se dispõem a participar da atividade política.

Araguari terá agora a oportunidade de reconduzir as coisas ao seu devido lugar. Apesar da ausência de lideranças consolidadas, existe no meio político local, pessoas bem intencionadas, dotadas de razoável densidade eleitoral, que merecem oportunidade de terem seus nomes apreciados pelos eleitores do Município.

A preocupação é se cuidar para que estes não sejam contaminados pelos vícios e pela prática exacerbada da prevalência dos interesses privados em detrimento dos pleitos coletivos.

As eleições de 2014 podem representar a redenção política do Município, como pode ser também a simples constatação de que a lição não foi aprendida.
O momento é de reflexão diante da oportunidade que se avizinha, e que urge ser aproveitada, para que os espaços na área federal e estadual, que historicamente já pertenceram a Araguari, voltem a ser novamente ocupados.
É hora de ter a percepção de que estão todos no mesmo barco, e que a mais remota possibilidade de naufrágio, atinge a todos indistintamente.

Ainda é tempo. Infelizmente só resta torcer para que os erros históricos sejam percebidos e corrigidos pois, do contrário, Araguari vai continuar a desfilar sua indigência política junto aos governos da União e do Estado, vítima da incompetência e do despreparo de seus próprios homens públicos.

Observação: Este artigo foi originalmente escrito para as eleições de 2010, mas, como os mesmos erros se repetem a cada eleição, seu texto, com pequenas adaptações, continua perfeitamente atualizado.          


                                                               Hamilton Flávio de Lima - Advogado