segunda-feira, 22 de julho de 2013

É bom não esquecer

É bom não esquecer

Pedro Simon*

“Não aprenderam nada, nem esqueceram nada.” A frase é de Maurice de Talleyrand, chanceler de Napoleão e influente diplomata, referindo-se aos aristocratas que mesmo após o triunfo da Revolução Francesa, pretendiam reaver seus privilégios e punir os revoltosos. Não perceberam que o mundo como entendiam jamais seria o mesmo.

As relações entre a sociedade e o Estado mudaram também com as jornadas cívicas de junho. E talvez para sempre. Os brasileiros querem uma vida melhor e demonstraram isso com todo vigor possível. Foram verdadeiros levantes em todo o país, convocados pela juventude e suas redes sociais. A tecnologia facilitou tudo, e com os modernos celulares conectados na internet o computador também vai às ruas.

A calmaria encobre às vezes o processo de gestação de uma tempestade e, em nosso caso, muitos anos decorreram desde a última vez em que a cidadania se manifestou dessa forma. A campanha das Diretas Já, no início dos anos 80 e o processo do impeachment, em 1992, fora os últimos registros de uma movimentação assim. Na comparação, uma grande diferença é que aquelas manifestações foram organizadas por instituições com influência junto à sociedade, a exemplo dos partidos, sindicatos e organizações estudantis. Hoje, a liderança é horizontal e eventual, quem fala num dia sobre as reivindicações, é substituído mais adiante por outras pessoas e, assim, sucessivamente.


Mas, para além do novo formato das manifestações, permanecem pulsando corações indignados com a situação. A sociedade paga impostos demais e recebe em troca serviços públicos de má qualidade. Elege parlamentares e governantes e depois tem dificuldade em reconhecê-los como seus representantes. Ao lado disso, a percepção de que a impunidade e o grau de corrupção da vida pública extrapolaram qualquer limite. Mais honestidade e melhores serviços de saúde, educação, segurança e transporte é a pauta das ruas. É bom não esquecer.



Fonte - Facebook

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