É bom não esquecer
É bom não esquecer
Pedro Simon*
“Não aprenderam nada, nem esqueceram nada.” A frase é de
Maurice de Talleyrand, chanceler de Napoleão e influente diplomata,
referindo-se aos aristocratas que mesmo após o triunfo da Revolução Francesa,
pretendiam reaver seus privilégios e punir os revoltosos. Não perceberam que o
mundo como entendiam jamais seria o mesmo.
As relações entre a sociedade e o Estado mudaram também com
as jornadas cívicas de junho. E talvez para sempre. Os brasileiros querem uma
vida melhor e demonstraram isso com todo vigor possível. Foram verdadeiros
levantes em todo o país, convocados pela juventude e suas redes sociais. A
tecnologia facilitou tudo, e com os modernos celulares conectados na internet o
computador também vai às ruas.
A calmaria encobre às vezes o processo de gestação de uma
tempestade e, em nosso caso, muitos anos decorreram desde a última vez em que a
cidadania se manifestou dessa forma. A campanha das Diretas Já, no início dos
anos 80 e o processo do impeachment, em 1992, fora os últimos registros de uma
movimentação assim. Na comparação, uma grande diferença é que aquelas
manifestações foram organizadas por instituições com influência junto à
sociedade, a exemplo dos partidos, sindicatos e organizações estudantis. Hoje,
a liderança é horizontal e eventual, quem fala num dia sobre as reivindicações,
é substituído mais adiante por outras pessoas e, assim, sucessivamente.
Mas, para além do novo formato das manifestações, permanecem
pulsando corações indignados com a situação. A sociedade paga impostos demais e
recebe em troca serviços públicos de má qualidade. Elege parlamentares e
governantes e depois tem dificuldade em reconhecê-los como seus representantes.
Ao lado disso, a percepção de que a impunidade e o grau de corrupção da vida
pública extrapolaram qualquer limite. Mais honestidade e melhores serviços de
saúde, educação, segurança e transporte é a pauta das ruas. É bom não esquecer.
Fonte - Facebook
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