Corrupção mata!
Muitos escândalos envolvendo corrupção têm surgido. Com
eles, o pleito de elevação de pena e endurecimento na execução das punições. É
importante que se saiba que, comparativamente, o Brasil não tem uma legislação
branda com relação à matéria. Talvez não seja de novas leis que careçamos.
Parte do enfrentamento do problema passa por um exercício de alteridade, de
colocar-se no lugar do outro.
Todos têm algum tipo de condescendência. Já ouvi pessoas
muito respeitáveis dizerem que a corrupção é inerente ao ser humano e que, na
verdade, somente se negocia o que é menos importante. Por esse raciocínio, a
corrupção não ocorreria em situações sérias.
Assim, pagar por um alvará de funcionamento, ou por um laudo
referente a uma infração leve, pode parecer algo banal. No entanto, aquilo que
é sério para Pedro, não é para Paulo.
Penso que o melhor caminho para solucionar a situação
calamitosa em que nos encontramos seria estimular agentes públicos e privados a
pensarem nos seres que mais amam sempre que forem convidados à corrupção, seja
pagando, seja recebendo.
Explico: o funcionário público que vai receber para, por
exemplo, favorecer um investigado, ou acusado, em crime sem violência, deve
pensar que, futuramente, um seu colega pode também receber em caso que envolva
seu filho como vítima.
Igualmente, um empresário que decide pagar pela emissão de
um laudo ou certidão deverá pensar que o proprietário da escolinha frequentada
por sua pequena filha provavelmente achará razoável (e pouco sério) comprar os
alvarás necessários ao funcionamento.
Sempre lembro o depoimento de um policial que, depois de
apreender um caminhão de drogas, negou-se a receber propina para liberar os
envolvidos e a carga. Ele poderia ter ficado rico, mas pensou na filha e em
como se sentiria se ela fosse vitimada pelas drogas ao chegar à adolescência.
Pena nenhuma tem maior força que essa reflexão.
Os acidentes existem. Mas não há como deixar de reconhecer
que a corrupção está diretamente relacionada aos prédios que desabam, aos
estabelecimentos que queimam, às instituições que funcionam sem equipe técnica
adequada.
Essas observações não têm finalidade penal, ou seja, não se
está advogando que corrompidos e corruptores sejam punidos por homicídios, em
uma ginástica interpretativa que coloca em risco o Estado democrático de
Direito. Está-se apenas convidando cada indivíduo a pensar que os escombros e o
fogo podem atingir seu pai, seu melhor amigo, ou o amor de sua vida.
Estamos igualmente instando as autoridades a refletirem
muito antes de criarem normas impossíveis de serem cumpridas, deixando portas
escancaradas ao arbítrio e, por conseguinte, à corrupção. O sujeito que busca
agir corretamente e acaba autuado com fulcro em regras risíveis se sente
legitimado a jogar a toalha e procurar se dar bem.
Normas claras, feitas realmente para serem observadas,
fiscalização séria e alteridade ajudam a prevenir a corrupção e os males que
lhe são inerentes. Se nada disso adiantar, entra o Direito Penal, com pena
privativa de liberdade. Condenações recentes podem até fomentar a mudança de
comportamento, mas a convicção de que renovar é necessário funciona muito
melhor do que o medo. 2014 pode ser diferente.
JANAINA CONCEIÇÃO PASCHOAL, 39, é advogada e professora
livre-docente de direito penal na USP
Em Araguari, comenta-se que, determinada Delegada Belo-Horizontina, já possui muitos informes, e, segue reconhecendo a história de cada um daqueles pronunciados nas transcrições das escutas telefônicas, da campanha pra cá....
ResponderExcluirAraguari esta denunciada no Conselho Nacional de Justica no DF por omissao nas investigacoes do caso Tarja Preta e a quadrilha que operava na licitacao a oito meses. Reage povo !
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