Eleições 2014. Eleitor quer novas idéias para velhas demandas
Representantes da sociedade civil, institutos de pesquisa e
cientistas políticos apontam a contínua insatisfação do eleitor com a qualidade
dos serviços públicos, além da preocupação de setores empresariais com a alta
da inflação, a carga tributária excessiva e a falta de transparência na gestão
pública.
De acordo com o cientista político Paulo Roberto Figueira
Leal, doutor em ciência política pelo Iuperj e professor da UFJF, as demandas
“antigas”, renovadas pelas manifestações populares de 2013, ainda não
“caminharam para uma solução” nos governos municipal, estadual e federal.
“A porcentagem de cerca de 20% de votos brancos e nulos
indica parcela expressiva da população que não se sente representada e é
possível que esse número aumente este ano, ao decorrer do calendário eleitoral,
porque não me parece que os governantes e pré-candidatos tenha resolvido a
insatisfação popular das manifestações do ano passado”, disse. Para ele, é
preciso também que os partidos explicitem suas posições ideológicas, voltadas
para o liberalismo econômico ou às políticas sociais, para esclarecer o
eleitor.
“As pessoas querem a universalização da saúde pública e
educação de qualidade, mas sem a contrapartida da carga tributária. Deve-se
entender que cada política pública é uma escolha. Nem sempre a sociedade
entende que não há carga de impostos baixa que banque o atendimento universal
na saúde e na educação. São contradições”, afirma Figueira.
O diretor de pesquisas do Instituto Sensus, Ricardo Guedes,
lembra que uma das pesquisas divulgadas este ano apontou que, para os
entrevistados, os fatores que levaram à explosão social das manifestações de
julho de 2013 foram a percepção dos “gastos excessivos” e a “malversação em
detrimento de investimentos do setor público”. Para o diretor-executivo da ONG
Transparência Brasil, Cláudio Abramo, as reclamações foram dispersas, mas
contribuíram para despertar as plataformas para o pleito deste ano.
Fonte: Hoje em dia
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