JBS dona da marca Friboi é o maior financiador de campanhas políticas de 2014
Potência empresarial que despontou no governo Lula como a
maior indústria de carnes do mundo, o JBS tornou-se, nesta eleição, o maior
financiador de campanhas políticas do país --com doações de R$ 113 milhões até
o começo do mês.Dona das marcas Friboi, Seara e Vigor, a empresa deu dinheiro
para bancar pelo menos 168 candidatos a deputado federal, 197 a deputado
estadual, 12 a governador, 13 a senador e três a presidente, da maior parte dos
partidos.
Mas a oposição levou a menor parte. Sócio de empresas e fundos
de pensão ligados ao governo nos seus principais negócios, os donos do JBS
concentraram 80% das doações nos governistas. O PT recebeu 25% do dinheiro
doado e outros 55% foram destinados a sete partidos da base aliada da
presidente Dilma Rousseff.
A empresa também lidera, ao lado da construtora OAS, a lista
de maiores doadores da campanha à reeleição de Dilma, a quem deu R$ 20 milhões.
Marina Silva (PSB) recebeu R$ 6 milhões, e Aécio Neves (PSDB), R$ 5 milhões.
Controlado pela família Batista, que começou a vida 60 anos
atrás com um açougue no interior de Goiás, o JBS chama a atenção por ter doado
bem mais do que campeões tradicionais do financiamento político, como as
construtoras Camargo Corrêa, Odebrecht e OAS. O JBS não quis dar entrevista
sobre o assunto. Por meio de nota, o grupo declarou que o objetivo de suas
doações é "contribuir com o debate político e o desenvolvimento da
democracia".
Afirmou também que a escolha de candidatos e partidos é feita
"a partir dos projetos apresentados por ambos e que estejam em linha com
seus valores e crenças". Nos últimos oito anos, o JBS aumentou em 465% o
valor que destina à política. Na eleição de 2006, a primeira em que atuou com
força no financiamento de campanhas, deu R$ 20 milhões (em valores atualizados).
Em 2010, a empresa entrou com R$ 83 milhões, que ajudaram a
eleger oito governadores, sete senadores, 40 deputados federais e 19 deputados
estaduais, além de Dilma. A busca por acesso ao meio político cresceu na mesma
velocidade com que os negócios dos Batista se agigantaram. Apoiado por aportes
bilionários do BNDES, o frigorífico, que faturava R$ 3,7 bilhões em 2005, agora
tem fábricas em 12 países, 200 mil funcionários e faturou R$ 92 bilhões em
2013.
"Como toda empresa que fica grande, ela faz doações para
ganhar influência no setor público", diz o professor Paulo Arvate, da FGV.
"A dúvida é se foi o JBS que se aproximou dos políticos para crescer ou se
foram eles que a procuraram quando viram que estava ficando grande."
Para o professor Sergio Lazzarini, do Insper, uma das
vantagens que os doadores buscam é acesso facilitado aos candidatos que ajudam
a eleger. "Eles conseguem atenção do governo quando necessário e têm ajuda
de parlamentares para acelerar ou retardar projetos." A arrancada do JBS
começou com a decisão do governo Lula de turbinar quatro frigoríficos para
transformá-los em grandes multinacionais. Dois deles quebraram, um não decolou,
e o único que seguiu em frente foi o JBS.
A empresa cresceu comprando concorrentes em dificuldade, no
Brasil e no exterior, com apoio do BNDES. Foram R$ 9,5 bilhões, entre aportes e
financiamentos. Hoje, o banco é o segundo maior acionista da empresa, com
24,59%. A Caixa Econômica, também controlada pelo governo, tem 10%. A família
Batista tem 41,12%. Depois do JBS, os Batista se diversificaram. Atualmente,
têm banco, fabricam cosméticos e produtos de limpeza, são sócios da estatal
Furnas e construíram uma grande fábrica de celulose, onde são sócios dos fundos
de pensão Petros e Funcef.
fonte : http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/09/1519452-maior-doador-de-campanhas-concentra-repasses-a-governistas.shtml
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